sábado, 13 de novembro de 2010

O Conto: Chamada Noturna

Sábado, dia 13 e feriadão prolongado. Se eu estou postando agora, prepare um guarda-chuvas caso for sair.
Hoje postarei um conto feito por mim, que já postei na comunidade do orkut Histórias De Terror alguns dias atrás, mas não fez muito sucesso (não que eu ache que aqui fará, é claro).
O nome do conto é Chamada Noturna (nome do primeiro capítulo do meu livro, mas a história não tem ligação).
Enfim, boa leitura!


Kate era só mais uma jovem delinquente, que mesmo com seus 17 (quase 18) anos, ainda não tinha uma mentalidade madura o bastante. Grávida de 3 meses, de um pai que nem ela mesmo sabe quem é, pois estava bêbada. Além da bebida, o seu outro maior vício era irritar os espíritos
Ela e suas 3 amigas estavam reunidas na sala de sua casa, em uma plena noite de sábado, Kate e mais duas amigas estavam sentadas em forma de círculo e de mãos dadas, em volta de algo que aparentava ser um pedaço de algum livro, com algumas inscrições e símbolos ocultistas marcados nela.
– Está com medo, Kate? – perguntava Catarine, a amiga que estava ao seu lado esquerdo.
– Eu pareço estar com medo, Catarine? É você quem mais parece estar com medo aqui.
Catarine apertou com força a mão de Kate.
– Eu não disse? – falou Kate – Sua mão está uma pedra de gelo, Catarine!
– Calem a boca vocês duas! – gritou Beatriz – Vocês não vão ver m#$d@ de alma alguma se continuarem brigando que nem duas retardadas!
Mais uma vez, o silêncio tomou conta da sala. Madson, a única garota que rejeitou a brincadeira e se recusou a sentar no círculo com as outras garotas, apenas se limitou a apagar as luzes, acender a vela preta que estava ao lado do papel com as inscrições, e a observar a cena.
– Estão sentindo as vibrações? – perguntou Beatriz.
– A única vibração que eu estou sentindo é a tremedeira da Catarine – respondeu Kate.
– Eu quero sair. – disse Catarine, suando frio e quase chorando.
– Catarine, sua covarde, eu te avisei que depois de formado o círculo, nós só poderiamos sair quando tudo acabasse – respondeu Kate.
Catarine olhou aflita para todas as garotas da sala, e depois de muita insistência, resolveu continuar no círculo macabro.
– O fio de cabelo está com você, Madson? – perguntou Kate.
Madson revirou os bolsos, e tirou o fio de cabelo, mostrando-o.
– Tem certeza de que não pegou isso de algum assassino morto ou algo do tipo? – perguntou Beatriz.
– Claro, a foto no túmulo era de uma mulher inofensiva – disse Madson, rindo.
– Você já está cansada de saber o que é pra fazer com este fio, né? – perguntou Kate.
Foi então que Madson seguiu em direção a vela, e jogou o fio de cabelo nela. A vela se apagou por um instante, e em seguida seu fogo ressurgiu em um tom cinza.
– Minha nossa... vocês estão vendo ela também? – perguntou Catarine, apontando para o espírito.
– Xiu, Catarine. Só fale se for para perguntar algo ao espírito – resmungou Beatriz.
O espírito da mulher estava de costas, e se virou logo em seguida. Com seu corpo espectral todo esfolado, o sangue escorria da barriga até as pernas. Ela se dirigiu até o círculo, e parou atrás de Kate.
– Parem com isto... me deixem descansar...
Catarine então se aterrorizou, e saiu gritando para fora do círculo, quebrando-o, o que fez as luzes acenderem e em seguida, piscarem freneticamente. A alma da mulher se dispersou e o fogo da vela se tornou uma chama incandescente, que se não tivesse se apagado em alguns segundos, teria queimado a casa de Kate e tudo o que havia dentro dela.
Droga! Olha só o que aquela idiota da Catarine fez! Eu disse que a gente não devia ter chamado ela! – esbravejou Kate.
– Tudo bem, Kate, nós tentamos de novo na próxima. Agora eu e a Madson vamos atrás da Catarine, antes que ela acabe sendo atropelada lá fora. Até mais! – se despediu Beatriz.
– Até mais Kate! Foi mal a bagunça! – se despediu Madson, em seguida.
Kate havia ficado sozinha em casa. Ela correu pegar a página com desenhos e inscrições, analisou-a e, em seguida, jogou fora junto com a vela, para que seus pais não vissem a hora que chegassem de viagem. Antes que ela pudesse pensar em subir para seu quarto, o telefone na cozinha tocou.
– Alô?
… morte.
Madson, é você? Se for, pode parar, porque você sabe que isso não me assusta.
Morte... você mexeu comigo, agora eu lhe trarei morte esta noite...
Kate nunca foi medrosa, mas agora ela estava em completo pânico. Ela correu até seu quarto, e se trancou lá dentro. Kate se sentou na cama, chorando de desespero. Ela era nova, não queria morrer. Ela queria ter a felicidade de ter um filho, mesmo não conhecendo o pai. Ela, apesar de tudo, amava a família, os amigos e o futuro filho.
Morte... Morte... Morte. Kate não conseguia dormir, pois só pensava no que tinha ouvido no telefone. Virava de um lado para o outro, mas nada de pegar no sono. Eram 3:30, quando ela finalmente conseguiu dormir.
– Minha nossa! O que aconteceu com a minha filha? Kate! Kate! Abra a porta!
Kate acordou com os berros da mãe. Sentia uma sensação horrível, uma dor imensa, mas ela estava viva. Será que suas amigas tinham lhe passado um trote? Acho que não. O trote não explicaria o sangue que havia encharcado o lençol de Kate, e o mesmo sangue jorrava de sua barriga.
– O que... meu Deus... MÃE!!!
O pai de Kate ouviu o grito da filha, o que o levou a arrombar a porta do quarto. O que ele e sua mulher viram não fora nada agradável: Kate estava com a barriga toda costurada, o sangue escorria até suas pernas (como no espírito) e seu quarto estava cheio de sangue. Mas havia algo na cama, além de Kate.
– Céus... o nosso neto... – exclamou o pai da Kate.
Para o azar de Kate, o espírito vingativo que ela e suas amigas invocaram na noite passada, era o espírito de uma mulher grávida que, depois de ter perdido o seu filho em um acidente, queria apenas descansar, e ela e suas amigas não deixaram. O espírito teve que se vingar com sua chamada noturna, pois estava muito irritado. Kate perdeu a chance de passar pelo milagre da vida, só porque quis se divertir as custas dos mortos.
Kate aprendeu naquela noite, que brincar com os espíritos pode nos custar o que mais amamos, ou o que mais poderíamos amar algum dia.

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