domingo, 23 de janeiro de 2011

Conto: Zumbis Não Amam.

Esqueça o Faustão. Esqueça a folga. Esqueça a macarronada. Hoje é domingo, dia de mais um CONTO!
O que o jovem Daniel está disposto à fazer para trazer de volta a vida sua amada Jéssica? É o que você verá clicando em Continue lendo.




Zumbis Não Amam




“Daniel e Jéssica formavam um belo par”. Era o que diziam todos os que conheciam Daniel – o branquelo publicitário de 26 anos – e Jéssica – a ruiva caipira de 22 anos. Mas, nada do que os outros achavam fazia sentido agora para Daniel.
Desde a morte de sua esposa Jéssica, ele não vê mais nenhum sentido em sua vida, e trazer sua amada de volta a vida se tornou sua maior obsessão. Ela havia falecido em sua lua-de-mel. O que era para ser uma noite romântica na praia do litoral de Santos se tornou o maior pesadelo de Daniel:
Jéssica, mesmo sabendo que as ondas estavam fortes demais, teimou para que Daniel mergulhasse com ela, então eles foram para o fundo. O mar não perdoou a má escolha, e começou a arrastar Jéssica para as profundezas, enquanto Daniel estava preso à uma armadilha de algas. Já era tarde demais.
Além da dor de ter perdido o amor de sua vida, Daniel ainda tinha que lidar com a pressão da família da falecida esposa, pois todos o culpavam pela morte dela. Enquanto Daniel estava cheio de culpa e seu coração estava cheio de obsessão, na sua mente havia uma loucura: trazer Jéssica de volta a vida.
O publicitário procurou durante 3 anos, uma maneira de ele e sua amada ficarem juntos novamente. Rituais, centros espíritas, macumba. De nada adiantava. Até que certo dia, devido à uma ironia do destino, Daniel achou um estranho objeto enquanto caminhava em uma praia (mas não aquela na qual a alma de Jéssica havia se perdido). O estranho objeto era na verdade um amuleto, e ao lado dele estava um velho indígena que aparentava ter os seus 80 anos, que logo se pôs a alertá-lo:
– Eu sei dos seus tormentos, jovem rapaz. Eu sei de sua obsessão. Esse amuleto trás uma alma perdida de volta para a nossa terra, mas nem sempre é do jeito que esperamos. Tem certeza de que é isto que você quer?
Daniel segurou fortemente o amuleto, e respondeu ao velho índio, sem delongas:
– Tudo o que eu mais quero é ter ela de volta, não importa como. Ela é o desejo de toda a minha vida! Eu preciso ter ela de volta, não importa como!
Ele então saiu correndo em direção ao seu carro. O velho lamentou tal atitude, pois sabia o que Daniel estava prestes a fazer.
O marido apaixonado partiu rumo à praia de Santos, onde todo o terror havia começado. Ele estava com um sorriso bizarro no rosto, e lágrimas nos olhos. O seu amor estava prestes a retornar do mundo dos mortos.
Ao chegar na praia, Daniel entrou na água até cobrir suas canelas, então fechou os olhos, segurou o amuleto e pediu:
– Jéssica, meu amor, volte para mim! Acorde! Saia já das profundezas, e volte para os meus braços!
O mar se agitou, as ondas aumentaram e a água salgada borbulhava. Uma cabeça emergia do fundo do mar, mas não uma cabeça humana. Coberta de algas, conchas, com a pele em decomposição e parecendo-se com um peixe morto, a tão amada Jéssica retornava para perto de seu marido, após 3 anos embaixo do mar.
N-n-não é possível! Você voltou, minha linda Jéssica! E você quer... você quer me abraçar!
O publicitário apaixonado não sabia, mas Jéssica não queria um abraço. Ela o agarrou, quase esmagando os seus ossos, e disse com sua voz estridente:
Você não me salvou. Você esperou eu apodrecer no mar para me salvar. Você não queria viver comigo para sempre? Então venha!
Jéssica então apertou mais forte, quebrando assim todos os ossos de Daniel. Logo em seguida, ela partiu para o fundo do mar, segurando o seu eterno companheiro.
O velho índio que estava observando toda a cena, pegou o amuleto que as ondas haviam trazido e antes de desaparecer completamente na mata ao lado da praia, olhou para o mar e disse:
– O amuleto não foi quem o amaldiçoou, rapaz. Você que já havia amaldiçoado a si próprio, há muito tempo.
Então o mar voltou ao normal, e o sol se pôs no horizonte do litoral, escondendo os terríveis fatos daquela maldita praia.

Um comentário:

  1. ficou legal marco,você escreve bem:D
    mas podia ter um final um pouco mais feliz vai..

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